segunda-feira, 23 de maio de 2016

A aventura do parto induzido

Continuando o post anterior...

No dia marcado pela médica lá fui fazer nova ecografia. Já fui prevenida com "a mala".
O marido foi comigo, e ainda bem, porque eu estava bastante nervosa.... não era a ida para a maternidade que eu sonhava.

Pois bem, fiz a ecografia e a médica disse que continuava tudo na mesma, que ainda pior um bocadinho. Que dentro da barriga não podia fazer nada, por isso aconselhava a que eu ficasse internada para induzir o parto.
Senti um misto de emoções... por um lado senti alegria por estar a chegar a hora de ir conhecer a minha princesa, por outro tristeza, porque não era assim que eu sonhava que as coisas se desenrolassem.
A médica esteve a ver a dilatação e disse que tinha 1cm... que ia ser fácil as coisas avançarem, mas estava enganada...
Fiquei internada na tarde de 2ª feira. Colocaram-me as cintas para irem monitorizando a bebé e lá comecei com a ocitocina.
Tinha as enfermeiras a vir ver-me constantemente a e perguntarem-me "já sente dores?", mas das dores nem sinal!
Vinha uma metia a mão, dizia que estava tudo na mesma, aumentava a dose de ocitocina e ia embora. Passado um bocado vinha lá outra vez, metia a mão e dizia que continuava tudo na mesma, voltava a aumentar a dose de ocitocina e ia embora... chegou a um ponto que eu já nem as queria ver a entrar no quarto!
Na 3ª feira de manhã, vem a médica e diz que está tudo muito atrasado, que a dilatação não está a aumentar... e dores, zero!
Eu já estava cansada de estar sempre deitada, sempre a medirem a dilatação, sem me deixarem fazer uma refeição... eu já só pensava que era melhor fazerem uma cesariana.
Na tarde de 3ª feira entrou ao serviço uma enfermeira que não esteve com meias medidas... devia querer que eu desocupasse a cama, e então virou-se para mim e disse "vamos lá, senão hoje não nascem bebés" e fez o tão falado "toque maldoso"... aí sim, tive dores... e que dores.
Estava ali sozinha, sem o meu marido (como estavam outras grávidas na enfermaria não podíamos ter acompanhantes), preocupada com o que poderia ter a princesa e via o tempo a passar e as coisas a não avançarem... tive um momento de grande desânimo... só me apetecia chorar!
Só perto das 20h me deixaram sair da enfermaria um bocadinho e ir ter com o meu marido. Mal conseguia caminhar... Estava a falar com o futuro papá e comecei a sentir-me toda molhada... era uma enxurrada de água que não conseguia controlar. Tinha rebentado a bolsa! Era para lá água... não fazia ideia que poderia ter tanta água na barriga!
Voltei para a enfermaria, mudei de roupa e fui "obrigada" a deitar-me... aí sim... começaram as dores... não sei de quanto em quanto tempo é que eram as contracções, mas às 22h30 chamei a enfermeira porque as dores já eram muitas. A enfermeira veio e levou-me para o bloco de partos... esteve a preparar-me (mudar o cateter, etc) e chamou a anestesista.
Depois que levei a epidural chamaram o maridão para junto de mim. A anestesista esteve a dizer que eu ia sentir as contracções na mesma, mas mais "brandas". Que se voltassem a ficar fortes para a chamar.
Perto da meia-noite chamei a enfermeira, por estar a ficar com dores novamente... ela veio e disse que tinha chegado a hora!
A partir daqui foi tudo muito fácil, apesar de eu não ter feito aulas de preparação para o parto, as enfermeiras ajudaram muito, e às 00h59 a princesa já estava cá fora!

Fonte: http://www.partoemrondonia.com.br/2014/07/projeto-para-doulas-voluntarias.html

Não posso dizer que senti uma alegria imensa como acredito que a grande maioria das mulheres sentem, e como eu também esperava sentir. Toda esta situação, a possibilidade da bebé ter algum problema "estragou" o momento... e em vez de alegria, sentia ansiedade e preocupação.
Sentimentos que ainda pioraram com o que se seguiu...
Mal a bebé nasceu levaram-na para dentro, e eu ouvia as enfermeiras a dizer "eu não sabia de nada", "vai buscar o processo"... comecei a ficar muito angustiada...
Trouxeram-me a bebé e disseram-se que ela ia para a neonatologia para observação, na sequência do problema no intestino que tinha sido detectado na ecografia... que era só por 24h, para ver se estava tudo bem, se o intestino funcionava direitinho...
Quando me colocaram a bebé no colo, só lhe conseguia ver "defeitos"... tinha um olho mais fechado que o outro, estava sempre com a língua de fora... enfim... todas as "minhocas" da minha cabeça estavam a vir ao de cima, e acabei por não desfrutar do momento de ter a minha filha pela 1ª vez nos braços...
Lá levaram a bebé para a neonatologia, e eu fui para a enfermaria... sozinha...
É muito triste estarmos sozinhas, e ver as outras mães com os seus bebés... não estava a ser nada como eu tinha sonhado...
Todos estes acontecimentos (gravidez e o antes, durante e depois do parto) marcaram muito tudo o que se seguiu, especialmente os sentimentos que tive e tenho em relação à bebé...
Durante muito tempo não me achei capaz de cuidar dela, sentia que não tinha vocação para ser mãe, que não estava preparada, que nada era como eu imaginava, etc.
Os meus sentimentos, medos e angústias durante estes 14 meses desde que ela nasceu davam para escrever um livro!

Mas isso fica para relatar um pouco mais à frente.

No próximo post "Quando o nosso bebé não fica ao nosso lado..."

Fiquem bem!


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