sexta-feira, 20 de maio de 2016

A gravidez...

Todas as mulheres, ou quase todas, sonham um dia vir a ser mães... eu não era excepção.
Em 2014, mais ou menos por esta altura, eu e o meu marido decidimos que estava na hora de chamar a cegonha.
Comecei a "devorar" o fórum De Mãe para Mãe. Li tudo sobre as experiências das outras "treinantes", as frustrações, as alegrias... e comecei a fantasiar como seria comigo.
A verdade é que engravidei logo de seguida... tudo parecia estar a correr às mil maravilhas.
Depois dos testes de gravidez positivos (sim, porque fiz mais do que um para ter a certeza!), entramos numa fase que nos sentíamos as pessoas mais abençoadas à face da terra... tudo era maravilhoso, a alegria transbordava, era tudo mel!

Mas como nada é perfeito, a alegria estancou às 12 semanas após o resultado da medição da translucência da nuca... 2,49mm. A partir daí, nada foi igual.
O médico disse para aguardar pelo resultado do rastreio bioquímico, e apesar do resultado ser "Risco reduzido" para as principais trissomias, não fiquei descansada. O factor "idade" tem um peso grande neste resultado, e eu na altura era relativamente nova (27 anos)... para mim, o mais importante era aquilo que era visível na ecografia, e na ecografia a TN era de 2,49mm!! (Sei que há quem tenha valores piores e o bebé é perfeitamente saudável, mas quando é connosco é sempre mais difícil pensar de cabeça fria).
Às 16 semanas, quando eu já estava quase a esquecer o stress da última ecografia, o médico fala-me que a bebé tem hipoplasia da falange média do 5º dedo. Ao início eu nem sabia o que isso era, mas vi logo que não era coisa boa. O médico disse que podia esperar pelas 20 semanas a ver se a situação se mantinha, ou que podia fazer já a amniocentese... foi o que fiz.
O exame faz-se... aquilo é uma agulha enorme, mas naquele momento nós estamos tão preocupadas que o exame corra bem e que o resultado seja o que nós desejamos que nem sentimos nada...
O doloroso é mesmo o tempo de espera... esperei quase 3 semanas pelo resultado... A possibilidade de aborto nunca foi posta em cima da mesa, mas o meu grande receio era "será que vou conseguir amá-la da mesma maneira?" Esta dúvida consumiu-me até ao final, e fez-me sentir culpada por sequer estar a considerar essa hipótese! O "normal" é as mães amarem os filhos acima de qualquer coisa, e o facto de eu pensar que poderia amá-la de maneira diferente se ela não fosse saudável fazia-me sentir muito culpada e revoltada comigo própria.
Apesar do resultado da amniocentese ser "cariótipo normal, 46xx", não fiquei 100% descansada... porque podia ter havido algum engano, terem trocado a amostra, sei lá! (sim eu sei, estava completamente paranóica).
Todo este período foi muito difícil... não escondo que perdi bastante a vontade de comprar coisinhas para o enxoval, de preparar o quartinho dela... por mais que eu quisesse, a vontade não era a mesma. Pensava muitas vezes numa telenovela brasileira que foi em tempos transmitida pela SIC "Páginas da Vida", em que a história girava à volta de um casal de gémeos em que a menina tinha trissomia 21 e após a mãe morrer no parto a criança foi rejeitada pelos avós maternos. Na altura esta telenovela marcou-me muito, e nestes momentos de aflição pensava que  não queria que a minha bebé, no caso de ter T21, se sentisse rejeitada por mim ou por qualquer outra pessoa...
O resto da gravidez correu sem grandes sobressaltos, mas quando eu menos esperava, a "sombra" chegou novamente. Ás 37 semanas fiz uma ecografia no hospital onde a bebé iria nascer. Deveria ser a última. Antes que me dissessem o que quer que fosse, percebi logo que algo se passava... quando um médico nos está a fazer uma ecografia e não responde à pergunta "está tudo bem?" e sai para chamar outro médico.... uhm, algo se passa!
Disseram-me que era visível uma acumulação anormal de mecónio no intestino, o que poderia ser indicativo de uma obstrução intestinal. Além disso, os fluxos da placenta estavam bastante baixos, e o bebé poderia já não estar a ser bem alimentado.
Fui para casa já com outra consulta marcada para daí a 2 dias, e uma nova eco para o dia a seguir à consulta. Caso o "cenário" se mantivesse, deveria ficar internada para provocarem o parto.
Escusado será dizer que cheguei a casa e fartei-me de pesquisar coisas na internet e mais uma vez a possibilidade da bebé ter T21 ou outro problema, como o megacólon congénito, voltava a assombrar-me.
A alegria de estar a chegar a hora de conhecer a minha princesa era novamente abalada...

Este post já vá longo, no próximo relato os acontecimentos seguintes e a "aventura do parto induzido".

Fiquem bem!

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